REDE EUROBRÁS DE COMUNICAÇÃO

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POLÍTICA E CIDADANIA


FAZER POLÍTICA NO MUNDO PORTUGUÊS E
LUSO-BRASILEIRO

 

 

Conhece-te e ti mesmo
e dominarás o universo

(Sócrates, filósofo grego)

=ROTEIRO=

PROGRAMA: FORMAÇÃO DE QUADROS DE LIDERANÇAS POLÍTICAS

 1ª PARTE

DEMOCRACIA, ESPAÇO DE LIBERDADE

I

UM ESPAÇO DE DEBATE REVITALIZANTE

1.                  Apresentação e perspectivas

2.                  Abertura de um espaço de diálogo institucional

3.                  Onde estamos?

4.                  São Paulo - Portal dos Bandeirantes
5.                  Consciência Política

II

DIÁLOGO EM CONSTRUÇÃO


1.                  Ver e ouvir o povo

2.                  Perspectivas da palestra
3.                  O intelectual e o político

 

                                                          

 2ª PARTE

ALICERCES DA CIDADANIA

 

III

FORMAÇÃO SÓCIO-POLÍTICA
 FORMAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DA CIDADANIA

1.                  Cidadania Participativa

2.                  Política com ou contra a nação

3.                  Bases da democracia

4.                  A educação é a coluna mestra da democracia

IV

A PÁTRIA COMO BEM MAIOR – A  MÁTRIA

1.                  Liberdade é tomar atitude

2.                  Fazer algo por seu país

3.                  Decadência Manifesta

4.                  Exemplo de trabalho e honradez
5.                  Pensar Grande

 

 3ª PARTE

PORTUGAL - NOVA TERRA PROMETIDA?

V

UM PAÍS MUITO ESPECIAL

1.                  Portugal, obra dos Templários

2.                  O luso-tropicalismo

3.                  Ingrata pátria

4.                  Benefícios da colonização - O novo cardápio da Europa

VI

UM PAÍS ATURDIDO

DECADÊNCIA  OU  REVITALIZAÇÃO

1.                  A descolonização

2.                  A nação real

3.                Complexo de culpa artificial

4.                Construir o futuro

5.                Auto-estima

6.                Portugal visto do Brasil

7.                PS.SP é uma nova luz que surge

8.                  Pátria da onisciência”

 4ª PARTE

NAÇÃO SEMPRE EM CONSTRUÇÃO

VII

PRIMEIRO SOCIALISMO DEMOCRÁTICO

1.                  Aurora do socialismo em Portugal – Antero de Quental

2.                  A cosmovisão de Antero de Quental

VIII

LUZES E SOMBRAS EM PORTUGAL

1.                  Sentir a alma do País

2.                  História repartida em memoriais

3.                  Monumentos como lições de civismo

4.                  Sentindo a força da natureza – Força do Povo

 

IX

PORTUGAL NA DINÂMICA DO MUNDO

1.                  A mudança como condição vital

2.                  Mundo em Construção
3.                  Política e futebol

 

 5ª PARTE

A ARTE DE GOVERNAR

X

SOCIALIZAÇÃO DOS BENS IMATERIAIS
ARTE DA POLÍTICA NAS SOCIEDADES COMPLEXAS

1.                  Política como ciência e arte

2.                  Gestor como guardião da liberdade

3.                  Divergir é compartilhar

XI

A ESSÊNCIA DA POLÍTICA

A)               SERVIR AO SEU POVO

1.                  Política como doação e não como negociata

B)                PLURIPARTIDARISMO

2.                  A diversidade desperta o interesse

3.                  O povo no poder?

 

 6ª PARTE

PLURALISMO DEMOCRÁTICO

XII

SOCIALISMO DEMOCRÁTICO - DESAFIOS E DESMANDOS

1.                  O povo no poder?

2.                  Socialismo Democrático um sistema plural

3.                  Por um mundo multipolar

XIII

O PLURALISMO DEMOCRÁTICO

1.                  O multipartidarismo

2.                  Olhar e ouvir o outro lado

3.                  O “Velho do Restelo” no contraponto

4.                  Princípios que regem o Socialismo Democrático

 7ª PARTE

PACTO DEMOCRÁTICO

XIII

DESAFIOS DO PODER: NA PRÁTICA A TEORIA É OUTRA

1.                  A teoria na prática é outra

2.                  Teste de Viabilidade dos Partidos no Poder

3.                  Por um Pacto Político

 

 

POLÍTICA E CIDADANIA


FAZER POLÍTICA NO MUNDO PORTUGUÊS E
LUSO-BRASILEIRO

 

Conhece-te e ti mesmo
e dominarás o universo

(Sócrates, filósofo grego)

 

PROGRAMA: FORMAÇÃO DE QUADROS DE LIDRANÇAS POLÍTICAS.

1ª PARTE

DEMOCRACIA, ESPAÇO DE LIBERDADE

I
UM ESPAÇO DE DEBATE REVITALIZANTE

1.     Apresentação e perspectivas

A nova diretoria do PS de São Paulo, filiado ao PS de Portugal, solicitou-me que dirija algumas palavras aos membros do partido e à comunidade luso-brasileira de São Paulo.

Acedi prontamente como quem atende a mais uma missão.

Atualmente dedico-me ao debate, produção de idéias e formação de lideranças sociais e ao empreendedorismo. Concentro forças também no Pacto Mundial e na idéia Motriz da Macrópolis.

Falarei sobre Política e Cidadania, com destaque para o Pluralismo Democrático.

 

2.     Abertura de um espaço de diálogo institucional

Como parte desta missão social, a que me dedico, há mais de 40 (quarenta) anos, estou aqui para falar de Formação Política, com P maiúsculo.

Abordarei diversos tópicos; alguns em tom provocativo. Ao final da exposição abriremos os debates para que todos possam participar, num diálogo democrático, e compartilhar, com todos, os seus conhecimentos e sua experiência nas lides sócio-políticas, em Portugal, abordando os pontos positivos e os pontos fracos, a melhorar.

Posiciono-me crítica e respeitosamente, com lealdade à nação, em perspectiva positiva, como convém a um intelectual livre e atuante.

Tentarei lançar mão da força e equidade dos argumentos e não da força da voz. Tentarei esclarecer por idéias, sabendo que são idéias e não as "armas" que movem o mundo...

  

3.     Onde estamos?

Considero esta iniciativa do PS muito bem vinda, pelo fato de que uma parte dos quadros políticos de Portugal, pré 25 de abril, viveu em São Paulo.

Além do mais, São Paulo é, de longe, a maior cidade lusófona do mundo; é uma mega-metrópole, com quase 20.000.000 de habitantes. São Paulo é o maior centro de produção e de consumo da América do Sul. Poderíamos dizer que é a “capital” econômica do Brasil.

4.     São Paulo - Portal dos Bandeirantes

Acima de tudo, São Paulo foi marcada na história como um imenso espaço de liberdade. Era uma região protegida pelas imensas muralhas da Serra do Mar. Até ao século XVIII, São Paulo era a Pátria da Liberdade. Governava-se a si mesma. A Câmara Municipal era o Poder maior. Quem mandava era o povo, porque a câmara de fato era a voz do povo. E sabia mandar muito bem, como provam os resultados. São Paulo foi o “oásis da liberdade”. Por isso os Bandeirantes puderam agir livremente e alavancar o país. Aqui nem a Inquisição conseguiu interferir. O lema de são Paulo traduz sua essência: “Non ducor, duco”.
       São Paulo, por ser livre, é um grande baluarte da liberdade com responsabilidade, tornou-se o grande PORTAL DOS BANDEIRANTES que, na grande marcha para o Oeste, abriram a grande fase do desenvolvimento do Brasil, criando centenas de Vilas e Cidades, pelo Brasil a dentro.

5.     A Consciência Política

Faço votos que a diretoria recém eleita do PS de São Paulo ajude mais a comunidade portuguesa e luso-brasileira a se interessar pelas questões da vida política de Portugal.

Nossa comunidade é um tanto quanto alheia, nesta perspectiva. Acredito que levou muitos revezes, através dos anos, e se retraiu.

 Outros países agitam seus cidadãos, moradores de São Paulo, mais do que Portugal. Precisamos revitalizar nosso quadros associativos, dando espaço à juventude responsável e consciente.

Urge que os políticos de Portugal dêem maior valor a São Paulo. Enfim, que aqui haja disputa de posicionamentos políticos, em relação a Portugal. Que outros partidos se organizem e disputem espaço. A disputa leal e aberta dará mais vida à nossa comunidade. O debate entre gente de respeito, é sempre sadio e estimulante. Ajuda a convivência. Sociedade sem debate vira pasmaceira...

Portugal de “25 de abril” ainda não acertou o passo com a nação. Quis interferir de fora e não de dentro, mantendo-se quase como algo estranho, alheio... Quase uma intervenção alienígena...Talvez esteja na hora do 26 de Abril...

             II - DIÁLOGO EM CONSTRUÇÃO                 

1.     Ver e ouvir o povo

A disputa chama mais a atenção de todos.

Num mundo plural, é sadio e estimulante a disputa de partidos que atendam às posições de cada um. O Povo precisa de opções.

Nunca tenhamos medo de ouvir o povo. Ele tem muito a nos ensinar, se for esclarecido. Mas não podemos simular ou mascarar o "povo"...Este trabalho deveria contar com o apoio do Consulado, em São Paulo e da Embaixada de Brasília.

Os portugueses e luso-brasileiros do Brasil, certamente podem ajudar sua pátria portuguesa, ou a pátria de seus ancestrais. Mas precisa ser promovida a formação sócio-política dessa gente para que faça Política com P maiúsculo, e não a velha política do compadrio.

A abertura do diálogo evita que sejam sempre os mesmos a “dialogar”, num espaço fechado, julgando-se “multidão” e "voz do povo"... (?!). Nesta “política” fechada sempre se arranja um motim para depois distribuir os  despojos    entre   os   amigos   comparsas. Essa era
acabou (?!).

Vivemos num momento de crise moral, de valores mascarados. Em Política, diz-se o que as pessoas gostam de ouvir e faz-se o que se quer, para tirar vantagem. Enquanto isso, distrai-se o povo com palavras "confiáveis".

Vivemos um momento de muito cinismo e ironia. O povo vai percebendo as "regras do jogo", e responde com ironia...

Por isto são de saudar iniciativas como esta que aqui testemunhamos, do PS de São Paulo.

2.     Perspectivas da palestra

Considero esta palestra como abertura de um espaço de diálogo  e debate político. Falamos de idéias e não de dogmas...

Estou aqui para lhes oferecer uma mensagem lusófona, mas intencionalmente inacabada. Pouco a ver com as capelas inacabadas do Mosteiro da Batalha, que é um espaço belíssimo e de muita arte.

É sim um espaço inacabado, pois espero que, na segunda parte se abra um diálogo franco, em que todos participem, compartilhando suas experiências, que são muitas. Muitos portugueses de São Paulo são verdadeiras Enciclopédias vivas e ambulantes: Têm muito a dizer e a compartilhar.

Minha intenção é passar rapidamente por muitos temas, sem fechar o assunto. O mais importante aqui é abrir um espaço de diálogo leal e sincero em torno das políticas de nosso Portugal. Queremos perguntar e buscar respostas...

Talvez haja, nesta aula, o levantamento de algumas provocações, para que o diálogo se implante, confiante e produtivo...

Em políticas, tudo é muito complexo, amarrado em condições favoráveis ou adversas.

Quando as pessoas se sentem acuadas, apelam para a “teoria da conspiração”, para justificar atitudes antidemocráticas, oportunistas e inaceitáveis. Ao povo, muitas vezes, resta perplexidade...

Neste momento queremos falar das forças matriciais e motriciais que movem e constroem o Portugal de sempre, que vai sendo soterrado na avalanche da integração abrupta na UE, sem que alguém tenha tido o cuidado de preservar os valores constitutivos da identidade nacional. Esqueceram que Portugal tem uma identidade muito especial que merece profundo respeito.

Não dá para ser um bom e competente europeu, sem ser, antes,  um bom e competente português.

3.     O intelectual e o político

Ao intelectual cabe interpretar a sociedade; ao político cabe a gestão do bem público, o cuidado da Pólis - da cidade, da sociedade... o intelectual convida a pensar a ser consciente e mostra caminhos.

         Estou aqui como intelectual, provocando aqui e ali os brios dos políticos, alguns ainda neófitos que se iniciam nas artimanhas emaranhadas de nossa política, dentro de uma grande agremiação que é o PS, que também precisa se reencontrar...

        Nossa base de apreensão do intelectual é conceitual. Neste nível, ao intelectual nada é proibido, desde que busque a equidade e o bem maior da nação como um todo. Vale também a posição do grande filósofo e humanista romano: "Tudo o que é humano me diz respeito". Cooperamos na formação da consciência humana e política das pessoas, mas não fazemos política partidária. Isso cabe ao partido.

        Cada um precisa se perguntar: De que lado estou eu? Outros, insistirão: Quais as opções? Que motivos me movem para optar?

        O importante é que cada um saiba que cada pessoa pode fazer a diferença, no futuro e no presente de su país e de seu povo.

  

2ª PARTE

ALICERCES DA CIDADANIA

 

III
FORMAÇÃO SÓCIO-POLÍTICA
FORMAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DA CIDADANIA

 

1.    Cidadania Participativa

Devemos formar as pessoas para uma cidadania consciente e participativa.

As pessoas precisam saber o que as ajuda e o que as prejudica ou atrapalha.

Neste mundo desconcertado, de que fala Camões (ver poema, em anexo), não podemos mais viver alienados para não sermos joguete dos meios de comunicação.

         Precisamos saber e ser competentes para optar. Esta necessidade desconhecimento aplica-se a toda a nossa vida: desde alimentação, do trabalho, do lazer,  até às opções político-partidárias.

         A consciência pessoal e política evita a decisão de cabresto e garante o respeito à vida

O país se faz com gente consciente, competente, livre, responsável e atuante.

Precisamos saber o que é Liberdade.

Não, liberdade não é poder consumir o que a propaganda nos impõem ou pensar o que os “donos” do poder estabelecem como mais favorável aos seus intentos.

Liberdade é sobretudo  um estado de alma, onde a pessoa, adequadamente esclarecida e sem pressões ou ameaças ideológicas ou políticas opta pelas idéias em que se sente, ela mesma.

Livre é a pessoa consciente e competente que pode cultivar os próprios talentos e potencialidades e compartilhá-los socialmente, na busca do bem-estar, interior e exterior, num “espaço”, onde os outros também são livres.

Liberdade é vida compartilhada sem intervenções incômodas, que nos “algemam”.

Liberdade não é uma palavra fria, ritual e embalsamada de político, sociólogo, ou filósofo; é uma palavra com o calor da vida é a própria vida.

 

2.     Política com ou contra a nação

A economia é para as pessoas e não as pessoas para a economia.

Assim também a política e a democracia são para as pessoas e não as pessoas para a política e a democracia.

Já dizia Antônio Vieira, o nosso maior orador de todos os tempos:

Os políticos não vêm cuidar do bem do povo;

Eles vêm  buscar os bens do povo”

Paradoxalmente, muitos países conquistaram a democracia e guindaram ao poder, para representar o povo, homens que prometiam cuidar do bem comum. E o que vemos em toda a parte?

Políticos eleitos que já se elegem com intenção de se apoderar dos bens do país, os bens comuns.Com honrosas exceções, parece ser esta a realidade de muitos países que bem conhecemos.

Infelizmente, parece não ser diferente no nosso Portugal Democrático.

O povo, vendo o descalabro moral que reina no país, vai se desiludindo, impotente e frustrado...

        Falta-nos alguém, com a moral e poder da palavra que tinha Rui Barbosa, em 1914, para bradar do alto da Assembléia da República e por toda a parte, denunciando desmandos e falcatruas.

Lembro apenas um fato:

      Rui Barbosa foi crítico da monarquia brasileira e atacou os “desmandos” das políticas do Império. O Imperador, D. Pedro II, foi um homem austero, de alto prestígio em toda a  nação.

      Rui ajudou a derrubar o Império e  a implantar a República. Os desmandos continuaram se agravando a tal ponto que Rui fazia as mais veementes denúncias da tribuna do Senado. Dele  é o conhecido texto, que cito. Ele continua válido, nos dias de hoje:

“De tanto ver triunfar as nulidades,

de tanto ver prosperar a desonra,

de tanto ver crescer a injustiça,

de tanto ver agigantarem-se os poderes

nas mãos dos maus,

o homem chega a desanimar da virtude,

a rir-se da honra,

a ter vergonha de ser honesto”

Enfim, o triunfo das nulidades e da injustiça implanta a vergonha e o caos social...É sempre assim.


A frase citada é uma frase de placa. Merece ser escrita em letras de ouro, porque é a verdade que não se pode ocultar.

 

3.                Bases da democracia

Senhoras e senhores,

Democracia é o governo do povo, para o povo e pelo povo.

 

Mas o povo precisa saber disso, caso contrário é manipulado por promessas vãs e enganosas.

         Alguns entendem, na prática, que a Democracia é o governo dos políticos, pelos políticos e para os políticos (?!).

         O povo precisa saber o que é independência e o que é soberania. Precisa saber o que é democracia. Precisa saber o que é dignidade humana, a dignidade do trabalho e a honra de criar uma família sadia, em termos físicos, sociais e morais.

      O povo precisa saber, por experiência, o que é a honestidade, o que é a justiça, o que é o altruísmo.

O povo precisa de melhor educação, de melhores escolas, de melhores professores, de melhores políticos e de melhores governos.

Os Políticos precisam cumprir a sua missão específica: cuidar do bem do povo e não barganhar o bem público nos projetos governamentais.

 

4.    A educação é a coluna mestra da democracia

A educação séria, competente e responsável é a base de tudo: do desenvolvimento, da prosperidade, da família e do bem-estar social, com qualidade de vida. É também a base do Estado. Um povo bem educado e com discernimento elege políticos melhores, mais conscientes, éticos e responsáveis.

Só com melhor educação, serão sanadas as causas da avalanche de denúncias que pairam sobre os nossos políticos e sobre nossos governos.

Uma educação sólida  e séria que eduque o homem total, com professores de visão holística, consciente e lúcida, é a coluna mestra da Democracia participativa.

 

IV
A PÁTRIA COMO BEM MAIOR – A MÁTRIA

 

1.     Liberdade é tomar atitude

Dou aqui alguns parâmetros que  caracteriza o povo educado para a cidadania:

- Um povo bem educado, respeita e faz respeitado o seu país.

- Não deixa sucatear suas indústrias e seus empreendedores.

- Não deixa sucatear sua educação e sua cultura. Não deixa sucatear sua política.

- Não deixa sucatear suas terras agricultáveis, sua produção agrícola, sua pesca.

- Não deixa sucatear e poluir o meio ambiente, a terra, o ar e as águas.

- Não deixa o povo no ócio, desocupado, desempregado, sem ter o que fazer, sem ter para onde correr, nem a quem apelar.

 Na contramão do desenvolvimento posicionou-se a Indonésia, ao invadir o Timor Leste: garantiu a vida e educação do povo e o diploma no final do curso. Ninguém precisava fazer nada, nem estudar. Mas todos sabiam que o diploma sem conhecimentos não valia nada. Seria ilusão. Sabia que a ociosidade seria a morte do Timor, e sua subjugação. Então o povo de revoltou. Queria cuidar do próprio destino. Queria trabalhar e estudar.

A Indonésia queimou então casas e escolas. Mas o povo conquistou a honra de ser um povo livre e não gente inútil, parasita, incapaz, dependente...

 Os timorenses não queriam o peixe em casa. Queriam pescá-lo para serem livres.

Grande lição! Será que o mundo fez a lição de casa?!

 

2.     Fazer algo por seu país

John Kennedy, no seu discurso de posse, como presidente dos Estados Unidos, proclamou, como um solene desafio à nação:

Não perguntem o que o Governo pode fazer por vocês. Perguntem antes o que cada um pode fazer por seu país

Esta é outra grande lição:

Veja o que você pode fazer pelo seu país.

 Nosso povo delega tudo ao governo que cobra impostos, e não se sente obrigado a fazer nada por seu país. De um lado implanta-se o paternalismo e de outro a dependência irresponsável, que sabe quem vai acusar, sem fazer a sua parte.

Quando não se cobravam tantos impostos, o povo era mais livre para resolver seus problemas. Hoje é dependente para quase tudo.

 O que nós podemos fazer por nosso país?

Pelo Brasil, nosso segundo país, em ordem cronológica, fazemos muito.

Aqui estudamos, aqui trabalhamos e aqui criamos nossos filhos para continuarem amando e trabalhando pelo Brasil, criando a própria prosperidade e bem-estar. Quem cresce faz crescer o país. O português, onde está, é fator de desenvolvimento. É o seu natural. É a sua índole. É a sua missão.

Isso é o que o Português sabe fazer muito bem, nos quatro cantos do mundo, com raras exceções...

Por isso é reconhecido e honrado, por toda a parte.

O português espalhou hospitais, as santas Casas, por todo o mundo. Medicina de  primeira. A todos atendiam. Não cobravam nada de ninguém e a ninguém discriminavam... Os portugueses cotizavam e financiavam o hospital. Era assim até 60 anos atrás. Há milhares de exemplos não menos eloquentes. Era o atender prazeroso às Obras de Misericórdia; era o povo solidário na prática diária.

Não sei se as novas gerações mantêm esse caráter, esta necessidade de ser útil.

 

3.     Decadência Manifesta

Parece que, em Portugal, alguns portugueses estão desaprendendo o quanto é honrado o trabalho... Quanto são engrandecedores os valores imateriais da cultura, da verdade, da responsabilidade, da dedicação aos outros, da solidariedade.

Enfim, dos grandes valores que os portugueses levaram por todo o mundo, muitos estão desaprendendo, principalmente entre os nossos políticos.

Muitos acharam na política um meio de se locupletarem. E há quem ache isto normal (?!)

 Há muito mau-caráter na praça, aproveitando a vacância das leis abolidas. Lembremo-nos: "Quando se muda uma lei, todas as outras podem se mudar". Pode ser o princípio do caos.

4.     Exemplo de trabalho e honradez

Entretanto, senhores, a política é arte do bem comum. E eu diria que alguns fizeram da política um covil de ladrões, desonrando o seu povo e o seu país.

Certo, certo! Isto não é só em Portugal. É verdade. Mas o fato de haverem outros políticos corruptos, em outros países, o fato de ser uma doença mundial, em nada nos consola. Não resolve nosso problema.

Há melhores exemplos a seguir, inclusive em Portugal, mas por que seguiríamos os piores exemplos?!

Se isto for romantismo, então Portugal foi sempre um país romântico.

Mas não. Não foi. Foi um país muito prático e muito humano. Fez o que precisava ser feito.

Talvez os portugueses do Brasil possam levar alguma colaboração a Portugal, neste sentido e em outros.

A maioria dos portugueses aqui se fez (fez a América) com trabalho duro, competente, dedicado e constante, trabalhando, às vezes,  de sol a sol. E venceu. Venceu porque se dedicou.

Idiotice?! Não. É questão de honra e orgulho de participar sem regatear.

   5.     Pensar Grande

            A ousadia sempre foi a grande marca dos portugueses, através da história e nos quatro cantos do mundo. Qualquer que seja o Governo que assuma o poder, não pode desonrar a nossa história, construída com sangue, honra, competência e dedicação.

            Foi com muita honra e ousadia que os portugueses levaram avante a grande, épica e penosa aventura dos Descobrimentos; foi com honra e competência que os portugueses mantiveram a soberania nacional, através dos séculos enfrentando forças muito superiores em armamentos, que quiseram  dominá-lo. Os portugueses foram maiores em competência  e honra, por isso venceram.

Foi com muita honra, muita persistência, muita competência e muita generosidade que os portugueses fizeram este país continental, multirracial.

Devêmo-nos espelhar sempre neste grande poema de Fernando Pessoa:

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
que o mar unisse, já não se parasse.
Sagrou-te e forte desvendando a espuma.

E a orla marítima foi de ilha em continente,
clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo”

Este é um texto épico grandioso. Fernando Pessoa só pode ter chegado a sua elaboração num momento da mais alta inspiração.

Este poema merece ser gravado em placa de granito e escrito em letras de ouro. É o que chamaríamos “POEMA DE PLACA”. É um poema para ser lido e meditado por pessoas que não abdicaram do dever de pensar e que não se comprazem no meio da mediocridade. É um texto para quem sabe que nasceu para a grandeza, e que a grandeza está dentro dele e não fora.

 

3ª PARTE

PORTUGAL - NOVA TERRA PROMETIDA?

V
UM PAÍS MUITO ESPECIAL

 

1.     Portugal, obra dos Templários

Portugal, desde o seu nascedouro, em 1.140, com D. Afonso Henriques, é um país muito especial. Foi criado pelos Templários, que foi, por quase três séculos, a maior organização do Ocidente. Foi sempre um genial projeto templário. Após a extinção dos Templários, por triste jogada política, do rei da França, sucedeu à Ordem do Templo, a Ordem de Cristo, criada por D. Dinis, já no século XIV.

A grande epopéia dos descobrimentos foi também um grande projeto templário, arquitetado pelo grande Infante D. Henrique, filho de D. João I, Mestre de AVIS. O Cérebro dos descobrimentos concentrava-se no Convento de Cristo, em Tomar, a Central dos Templários, depois chamados Ordem de Cristo.

As Caravelas dos Descobrimentos ostentavam claramente sua ideologia: o logotipo da  Ordem de Cristo/Templários.

Os Governadores do Brasil, por alguns séculos, eram Cavaleiros da Ordem de Cristo/Templários.

 

2.     O luso-tropicalismo

Aqui, no Brasil, os portugueses quiseram fazer uma nova civilização, no Novo Mundo.

Em pleno Rio Amazonas, no séc. XVII, Vieira sonhou o sonho do 5º Império de Cristo, também chamado Império do Espírito Santo.

Grandes autores, como Gilberto Freire, decantaram a grande obra da Civilização Portuguesa nos Trópicos – o Luso-Tropicalismo – a que ele chamou “O mundo que o português criou”. Para Gilberto Freire a obra dos portugueses no Brasil foi uma obra de gênio.

 O povo português sempre foi um povo de profunda sabedoria. Esta é a virtude máxima que se aprende na vida.

 

3.     Ingrata pátria

Apesar da magnitude e qualidade da obra dos portugueses pelo mundo;  apesar de todas as milhares de pessoas que deram a vida pela grande obra, muitos, em Portugal, nos últimos 35 anos, orquestrados por outras potências que sempre cobiçaram a grande obra civilizadora de Portugal, e até a combateram, hoje semeiam, em nossas hostes, e em nosso povo,  sementes da discórdia e ressentimentos.

Maldizem a grande aventura dos Descobrimentos,  e a difusão da nossa cultura, que é um dos maiores galardões de Portugal no Mundo, com mais de 600 anos de história. Já foi assim ao tempo de D. João II.

Os “Velhos do Restelo” já estavam na ativa, criando obstáculos...

A arrogância de alguns, ditos revolucionários , parece que  quiseram zerar o passado. Começaram do nada e desestruturaram o país...

Houve, sim, muitas atitudes deploráveis na tarefa dos descobrimentos e no convívio com os povos colonizados. No entanto, o saldo, para a civilização foi altamente positivo.

A colonização contou também com algumas pessoas de moral precária. Assim é em toda a ação humana.  Não há seara sem alguns pés de cizânia, por deplorável que seja...

No entanto, não podemos matar a águia só porque algum piolho se aninhou em suas asas.

O costume de outros povos é escrever em granito os seus grandes feitos. A pequenez é relegada a rodapés de apêndice das obras para que sirva de lição. Alguns portugueses invertem a equação... Por quê e Para quê?

 

4.     Benefícios da Colonização

O novo cardápio na Europa - Globalização

Não podemos esquecer, por exemplo, para dar apenas um exemplo, que os descobrimentos sanaram a fome da Europa, a qual, sem este empreendimento, não resistiria à fome:

Verifiquemos quais são os alimentos básicos da Europa, hoje:

O milho, a batata, o arroz, o feijão, o açúcar, etc, etc. Donde vieram  as mudas e sementes dessas plantas? Dos países descobertos, no século XV e XVI.

As plantas européias e os animais de carga também viajaram nas caravelas e se transplantaram e multiplicaram por todo o globo.

Com o Brasil  e com toda a América do sul, e do Norte, da África e do Oriente, do Japão  e da China, os Portugueses trocaram plantas frutíferas e ornamentais. A primeira globalização acontecia ali.

De toda a parte recebemos a riqueza de novas plantas e por toda a parte levamos as nossas plantas.

Levamos também a nossa cultura e os nossos costumes e aprendemos a cultura e os costumes de outros povos.

 Os jesuítas tinham em diversas regiões, viveiros de plantas em aclimatação, para fornecerem ao povo. Na Bahia, por exemplo, o viveiro experimental, era na Quinta do Tanque, na periferia de Salvador.

Assim, a primeira globalização foi plenamente democrática: uma troca de benefícios.

Globalização da cultura, do sistema alimentar, da economia e das pessoas, através da miscigenação.

Foi enciclopédica a obra da civilização portuguesa no mundo. Lógico que nela há ações a deplorar, como fez o “Velho do Restelo”. Mas há muito mais ações grandiosas a decantar, como fez Camões e muitos mais.

Infelizmente, uma boa das pessoas das novas gerações, com uma perspectiva deturpada por desinformação, têm mentes míopes para ver apenas o lado menor de tanta grandeza.

  

VI
UM PAÍS ATURDIDO
DECADÊNCIA OU REVITALIZAÇÃO

 

1.     A  Descolonização

O processo da descolonização foi lamentável, por não ter sido adequadamente preparado. Mas o desfecho foi ainda  pior, pela traição aos fiéis aliados.

O abandono apressado condenou milhares de inocentes aliados à morte prematura. Entregámo-los aos seus inimigos.

Sim. Sei que outros dirão exatamente foi o contrário.

Aqui não polemizamos. Observamos os erros que mancham a honra da Pátria, sem indigitar os culpados. Infelizmente as provas são irrefutáveis e muitas.

 O fato concreto é a situação do Portugal de hoje. Alguns portugueses ainda não encontraram seu rumo, nos novos tempos, garantindo a honra e auto-estima do seu povo, e o orgulho de ser português.

Repito:

Isto é campanha orquestrada por um pensamento decadente. Inimigos internos e externos, sempre os houve. Mas hoje o país está perdendo a defesa natural dos anticorpos que vão devorando o corpo social.

Há no país, como em todos, muitas pessoas “apequenadas”. E falam de um país pequenino.  Equívoco. Não é apenas a dimensão geográfica que faz o país grande.

O complexo de pequenino dói. É falta de imaginação. Pequenina é a consciência político-humanista de algumas pessoas.

Há outros países pequenos que vivem muito bem. O que há com Portugal?! O que falta?! Civismo?! Ou deixaram multiplicar-se um excesso de cinismo?!

 

2.     A nação real

O País se dependurou nas benesses da Europa desenvolvida e deixou suas terras ao mato, improdutivas. Vem o desemprego e a recessão e as pessoas não sabem mais o que fazer. Dependem dos outros países para se alimentar. Temos uma nação dependente? Todos reclamam. Deixaram fugir a solução da própria mão. O país negocia e assina acordos multilaterais que beneficiam alguns, mas esquecem o povo.

Pessoas néscias, inábeis e despreparadas, de curta visão, implodiram a índole e a alma da nação.

Houve um grande susto quando, sem querer, deram voz ao povo e perceberam que o “ditador” Salazar, por tantos achincalhado, era, às ocultas, venerado por toda a nação. E a voz do povo ninguém cala... Aqui não tomo posição, apenas registro.

Em vez de maldizer o povo, pois ele é a nação real, é preciso reequacionar o próprio discurso e a própria atuação. Até recentemente quem mostrasse estima por Salazar, poderia ser “democraticamente” “apedrejado”,  em praça pública, demonizado... Os tempos mudaram.

 

3. Complexo de culpa artificial

A história de Portugal tem muitas honras e glórias. Por que só insistir nas reais ou arranjadas falhas?! Alguns portugueses, de hoje, vivem um falso complexo de culpa e de inferioridade, que tem que superar e abolir.

Penaliza-se pelos descobrimentos;

penaliza-se pela colonização de outros povos e pela civilização que lhes levou;

penaliza-se pela miscigenação;

penaliza-se pelo processo desastrado da descolonização;

penaliza-se pelos políticos que o governam. E que mais? Basta!

 

4. Construir o futuro

Senhores,

Chega  de lamúrias artificiais. Vamos às soluções...

Vamos abrir os olhos. Temos muito mais pontos positivos a considerar. Mais do que isso: enquanto “choramingamos” não vemos o futuro e sol que nos sorri.

Diz um provérbio oriental:

Se choras por teres perdido o sol,

as lágrimas não te deixarão ver as estrelas

Assim não podemos planejar um futuro melhor; estaremos sempre sanando problemas imediatistas; acusando-nos mutuamente.

É preciso olhar para a frente, mantendo o retrovisor bem ajustado.

 

5.     Auto-estima

Temos de pensar no futuro do País, nas futuras gerações. Para elas devemos deixar um país melhor, num mundo melhor, com mais auto-estima.

 Vamos convir: Portugal é um país belo e com muitos encantos. Tem uma das mais belas histórias nacionais. É um país de muita grandeza. Alguns não vêem, mas isso é problema de ótica psicológica. Outros vêem e se encantam. Nada é perfeito, claro. Outros países exaltam até suas imperfeições. É questão de ponto de vista. Alguns estão psicologicamente míopes culturalmente. Há uma educação castradora bem atuante.

 

6.     Portugal visto do Brasil

Os portugueses do Brasil não têm tais complexos de culpa e de inferioridade. Nós queremos bem ao país que nos viu nascer e que nos deu nossa base cultural, impressa indelebelmente em nosso subconsciente. Quem olha o país de fora vê outra realidade e outras possibilidades.

Assim, digo, sem receio, e em plena consciência cívica: os portugueses do Brasil poderão, ajudar Portugal a sair do emaranhado em que se meteu, superando seu complexo de culpa.

Não terão soluções feitas, pois estas não existem. Temos a competência do diálogo franco, para pensar juntos...

Diz Vieira que os melhores portugueses são os que partiram. Fala dos portugueses de muitos passos e os de muito paço: os de muitos passos vão à luta e constroem com o próprio mérito; os de muitos paços vivem aquartelados sob os mimos do poder, nos palácios do governo...

 

7.     PS.SP é uma nova luz que surge

É por isso que saúdo a Nova Diretoria do PS, fazendo votos que tenha voz ativa, lúcida, positiva e ousada, diante do PS, em Lisboa. Não vão lá só para aprender; vão lá para cooperar, para compartilhar as vivências no Brasil.

Não podemos esquecer que o PS nunca foi muito favorável a respeitar os portugueses de fora da Europa. Isto é mais um paradoxo estranho. Aqui não perguntamos “por quê”?

Outros países da Europa, respeitam mais os cidadãos de seu país que vivem no Brasil. Afinal, o que quer o PS? Esperamos que esteja mudando de atitude.

Recomendamos que o PS crie logo a juventude Socialista de S. Paulo para revigorar nossa comunidade luso-brasileira.

 

8.     A “Pátria da onisciência”

Todos sabemos que os portugueses ouvirem os luso-brasileiros é uma hipótese difícil. Até porque, em Portugal, os portugueses são considerados dogmáticos. Sabem tudo e muito mais. (É uma atitude  a considerar: o sábio Sócrates pensaria o contrário). Isto não é de agora. Os representantes do Brasil nas cortes de Lisboa, em 1822, já foram maltratados. No entanto havia pessoas de alto gabarito, como o Senador Diogo Antônio Feijó.

O grande intelectual e poeta patrício, Jorge de Sena, em texto publicado em 1948, já deplorava tais atitudes:

Vivemos na Pátria da onisciência. Torna-se extremamente difícil procurar, em público, querer saber alguma coisa ou ensinar outra qualquer (...) sem corrermos o risco de nos inferiorizarmos aos olhos dos demais, que já sabem tudo, ou de parecer que pretendemos inferiorizá-los a seus próprios olhos”.(Jorge de Sena)

Isto não é uma crítica nem uma agressão. É apenas uma provocação. O estereótipo existe? É preciso superá-lo?

Numa situação destas, teríamos  um diálogo de surdos... Mas isto deve estar sendo superado.

Damos o voto de confiança de que no PS não é mais assim. Afinal, é um partido democrático... Quem é democrata está sempre disposto a ouvir e a aprender. Esta é atitude normal dos sábios.

Estamos já entrando mais explicitamente no tema nuclear desta palestra.

 

4ª PARTE

NAÇÃO SEMPRE EM CONSTRUÇÃO

VII
PRIMEIRO SOCIALISMO DEMOCRÁTICO

 

1.     Aurora do socialismo em Portugal – Antero de Quental

Inicialmente queremos falar das origens do Socialismo em Portugal.

Quem primeiro aderiu ao socialismo, em Portugal, foi o nosso extraordinário poeta, pensador e defensor dos excluídos, Antero de Quental e seus companheiros. Este era, efetivamente, um homem que tinha um coração maior que o mundo. Aqui não poderíamos deixar de homenagear a memória deste homem.

Em 1871 cria, com seus companheiros da chamada geração de 70, um evento que fez história: “Conferências do Casino de Lisboa”. Na 2ª Conferência, Antero dissertou sobre o tema: Causas da Decadência dos Povos Peninsulares nos Últimos Três Séculos. Desenvolveu uma doutrina que ainda não foi de todo superada, 140 anos depois.

Estes fatos ocorreram no percurso da revolução industrial que alterou profundamente as relações de trabalho, no mundo.

Nessa ocasião surgiram documentos que fizeram História: O Manifesto de Marx (1848); e  a Rerum Novarum (1891) do Papa Leão XIII, sobre a doutrina social da Igreja.

Eram tempos tumultuados de mudanças na sociedade e nas relações de trabalho.

A índole positiva e conciliadora de Antero fica muito clara neste texto:

Soframos com paciências as injustiças deste mundo, que, afinal, é mais ignorante do que mau, e, em suma, bastante infeliz por seus erros e ilusões, para que por ele tenhamos mais piedade do que ódio.”

 

2.     A cosmovisão de Antero de Quental

Antero foi sempre um homem consciente, um homem de bem. Defendia o direito dos povos. Já em 1860, ele  mostrava “repulsa pelos aduladores do povo, piores do que os aduladores dos reis. São pregadores do ódio”.

Em 1870 aderiu ao Socialismo e preparou-se para sua implantação em Portugal.

Aderiu ao Socialismo de Proudhon, que é muito anterior ao marxismo.

Antero foi o fundador do 1º Partido Socialista Português.

Marx classificou a doutrina de Proudhon, como utópica.

Dizia Antero: “Revolução não quer dizer guerra, mas sim paz; não quer dizer licença, mas sim ordem”(Pg. 84).

Doente e desiludido com as atitudes anti-socialistas e interesseiras, de algumas  lideranças, Antero recolheu-se aos Açores, onde morreu, no dia 11 de setembro de 1891, na praça S. Francisco, ao lado da cerca do Convento da Esperança, sentado num banco. Hoje, o local é marcado, com uma âncora no muro e um banco ao lado. Quem for aos Açores, Ponta Delgada, não pode deixar de visitar este lugar onde morreu um grande herói nacional...Um Santo de Nosso calendário Civil.

 

VIII
LUZES E SOMBRAS EM  PORTUGAL

 

1.     Sentir a alma do País

Para entender as dimensões dos acontecimentos em Portugal, é preciso entender a alma do povo deste país. Este povo tem uma história bela, heróica, honrosa e invejável. Só alguns portugueses pós 25 de abril não sabem isso; e ainda dizem o contrário. As pessoas que não gostam de estudar não sabem o que deveriam saber.

 O P. Antônio Vieira, uma das maiores inteligências que Portugal gerou e um dos mais destacados oradores da humanidade, teceu loas ao seu povo, em muitas circunstâncias.

Exaltou o seu país, em Roma,  no dia 13 de junho de 1670; um ano depois iria apontar os defeitos do seu país.

Diz Vieira:

Em 1670preguei aos portugueses as luzes da sua nação; agora (13, junho, 1671) lhe descobrirei (...) as sombras das mesmas luzes”.

Sim, efetivamente, Portugal tem muitas luzes, mas também tem sombras. É inevitável.

Portugal é um livro aberto, cheio de histórias para contar. Muitas dessas histórias nos enchem de orgulho, outras nem tanto. Temos uma história honrosa e gloriosa e também história de traições escabrosas. É próprio da condição humana. Sobressaem as  primeiras, gloriosas, mas não podemos esquecer o lado cinzento que também nos traz grandes ensinamentos. Não podemos inverter os valores, “onde o menos vale mais”.

 

2.     História repartida em memoriais

A grande história de Portugal é a história do Povo Português. Toda essa História está escrita, em monumentos, que são nossos memoriais; são marcos históricos encadeados.

Cada monumento é uma eloqüente lição de civismo, para quem sabe ler algo mais do que o que lá se vê. É preciso ler com os olhos da alma.

Em cada canto há uma história.

 Camões fez Vasco da Gama contar a história heróica de Portugal, ao régulo Catual, indiano, através de painéis expostos na caravela, na sua Viagem para as Índias. Catual, interlocutor, ficou encantado.

Em Portugal, como na Grécia ou Roma, as pedras tem histórias e lições de vida.

São histórias mais vivas do que aquelas que nos relatam os livros; Histórias em Pedra. “Cais, saudade em pedradiz Fernando Pessoa.

 

3.     Monumentos, como lições de civismo

Precisamos visitar os nossos monumentos buscando lições de civismo escritas com o sangue de pessoas que amaram a nossa terra, a ponto de, por ela, darem a vida.

- É assim  que se visita  o Convento de Cristo, em Tomar, a poucos quilômetros de Fátima. Este monumento é uma grande lição dos Templários e da Ordem de Cristo que lhe sucedeu.

Aí o Infante Dom Henrique reunia os sábios de todo o mundo, para preparar o grande projeto dos Descobrimentos, o monumental feito de todo um povo. Logo à entrada do Castelo vemos uma bela estátua do Infante D. Henrique.

- É assim que se visita a Universidade de Coimbra, grande centro de inteligência e uma das primeiras universidades do mundo.

- É assim que se visita  o Mosteiro de Alcobaça, a primeira  escola técnica portuguesa. Aí os monges estudavam a terra e ensinaram o povo a plantar e dar mais produtividade às terras, para  alimentar aquela gente, a partir do séc. XII.

- É assim que se visita o Mosteiro da Batalha que relembra a batalha decisiva que garantiu a independência de Portugal, contra as pretensões de Castela. Esta batalha celebrizou o Condestável Nuno Álvares Pereira que, com 5.000 homens venceu um exército de 30.000 do inimigo. Este é um resultado que só um povo muito forte e ágil alcança.

- É assim que  se visita Alenquer, onde a Rainha Sta. Isabel deu ao mundo a Folia do Divino, aclamando a Era do Espírito santo onde todos são iguais em torno de uma mesa posta para todos e onde o rei senta ao lado do plebeu. A coroa do Imperador do Divino vai a cabeça de uma criança. Honra seja feita aos Açorianos que levaram essa lição por toda a terra.

- É assim que se visita Lisboa, Porto, Sagres, no Algarve, Braga e enfim todo o Portugal, das idéias, às vilas e cidades, e do mar às serras. É assim que se olha o Tejo, a Torre de Belém, etc.

 

4.    Sentindo a força da natureza – Força do Povo

- É assim que se visitam os grandes vinhedos do Porto e de Norte ao Sul do País.

- É assim que se visitam as plantações de carvalho, a árvore que dá cortiça; os olivais, para a produção de azeitonas e azeite; as plantações de cerejas na Beira Baixa e as plantações de amendoeira no Centro e Sul do país, com destaque  para o Algarve.

- É assim que se visitam as belezas dos Arquipélagos dos Açores e Madeira.

- É assim que visita Portugal inteiro e suas ilhas. É assim que se observa o povo, em simples conversas; é assim que se aprecia a variada arte culinária e a arte de comer, de beber; é assim que se aprecia a música do povo e a  alegria de conviver com aquela gente diferente, de uma sabedoria simples e preciosa, que os olhos profanos não conseguem ver..

- É assim que se apreciam as manifestações da cultura popular, nas festas cíclicas de cada vida e de cada aldeia.

- Finalmente é assim e neste contexto, que se aprecia o Socialismo Democrático, de Antero de Quental ao nossos dias, passando pelo 25 de abril de 1974. Chegamos assim à 3ª Parte de nossa palestra.

 

IX
PORTUGAL NA DINÂMICA DO MUNDO

 

1.     A mudança como condição vital

As pessoas têm medo da mudança. Resistem-lhe. A mudança dá uma certa sensação de perda... Mas há também ganhos, se as mudanças forem dentro de normas regulares e não manipuladas por oportunistas, que estão sempre à espreita, para tirar vantagens.

Seguindo leis vitais, no mundo, tudo muda. Mudam as estações e mudam as idades e mudam os rumos da história. Para o bem ou para o mal, esta é a lei da vida. No mundo tudo muda na espiral permanente.O futuro não nos é dado. Cabe a nós construí-lo.

 

2.     Mundo em Construção

O mundo estará sempre inacabado; em construção. Deus fez os humanos, com uma incumbência: continuar a construção do mundo

Isto não é um determinismo intocável. Não. As pessoas fazem a história. São livres para agir e para reagir. Cada ação provoca nova reação. As pessoas respondem pelo que fazem, com  mérito ou deméritos.

É a força vital da dialética da história. Nada é fixo, e nada se repete. A sequência ondular de tese, antítese e síntese, prossegue seu rumo.

O dia é composto de: manhã, tarde e noite. A vida também. Que diga a charada da esfinge ao rei Édipo.

Todas as mudanças sociais pressupõem audácia de alguém ou de algum grupo social. E toda a audácia comporta erros e acertos. É fundamental descobrir os erros, tão depressa quanto possível, para aprendermos com os erros e corrigi-los em vez de escondê-los (Karl Popper).

Corrigir os erros é prevenir novas reações e novas convulsões .

Os medrosos, acuados, que sofrem pressões dos contrários, acabam perdendo o momento de mudança. Nova revolução ajusta a dinâmica da sociedade às vezes com grandes desconfortos da população.

É a dinâmica do poder, que pode passar de mão em mão, mas não é propriedade de ninguém.

O poder é da sociedade, enquanto sistema de relações interpessoais. É por isso que se diz que as comunidades desorganizadas são tuteladas.

3.     Política e Futebol

Sem qualquer constrangimento, afirmamos que na democracia, "política" é como futebol: todos falam e poucos entendem do que dizem, mas todos estão sempre aprendendo. Todos dão a sua opinião e ninguém se sente incomodado. Mas todos prestam muita atenção. Todos procuram informações.

Daí podemos perguntar, atônitos: por que as pessoas, que assumem o poder, não querem ouvir opiniões que questionem a sua atuação e as atitudes?

Aqui entramos no   penúltimo tópico de nossa exposição:

 

5ª PARTE

A ARTE DE GOVERNAR

X
SOCIALIZAÇÃO DOS BENS IMATERIAIS
Arte da Política nas Sociedades Complexas

 

1.     Política como  ciência e arte

Diz Tomás de Aquino:

 A política é a ciência, a virtude e a arte do bem público

A omissão, a apatia e a passividade não se coadunam com a dinâmica do mundo moderno.

Todos somos responsáveis pela nossa comunidade, pelo nosso povo, pelo nosso mundo.

Todos precisamos saber e querer fazer a nossa parte.

A sociedade nos chama: Faça a sua Parte! Não se omita!

Na omissão e na ausência das pessoas responsáveis abre-se espaço para os aproveitadores, para as salamandras.

Política é a arte de cuidar do bem público, com o povo, pelo povo e para o povo.

Para as pessoas sem caráter, é a arte de se apoderar dos bens públicos, como dizia Vieira, no século XVII.

Antônio Vieira sempre arguiu o pecado  da omissão, que muito o precupava.

No websítio www.alfa8omega.blogspot.com há um texto clássico de Vieira sobre a omissão. Merece ser lido.

 

2.     Gestor como guardião da liberdade

O bom gestor, em qualquer empreendimento, é o guardião da liberdade, da justiça, da prosperidade e do bem-estar de todos; é o avalista da paz, harmonia e cooperação, entre os seus.

O bom gestor está na frente dos acontecimentos, precede o viajante, nas estradas da vida,  para que as pessoas passem em caminhos sem armadilhas.

O bom gestor antecipa-se, vê as causas e resolve os problemas antes de eles eclodirem. Todos sabem como um conflito ou uma guerra começa, mas ninguém sabe como termina.

Todo o comportamento abusivo e antissocial deve ser, prontamente coibido, nos termos da lei vigente, para que não seja inviabilizada a sociedade por alguns de caráter precário.

 

3.     Divergir é compartilhar

Dirigir um empreendimento não é administrar conflitos: é prevenir os conflitos.

Quem passa a vida enfrentando conflito, não lhe sobra tempo para a produtividade...

A discórdia é sempre má conselheira. Os debates leais e a diversidade de opiniões são sadias, democráticas, essenciais para selecionar as melhores alternativas.

Debater é compartilhar, é cooperar, é participar.

É o que viemos fazer aqui, hoje.

A divergência construtiva é prova de vitalidade democrática.

 Divergir é apresentar alternativas: é compartilhar e não demolir.

Quando a divergência é mal vista,  a democracia corre perigo. Há fascismo à espreita.

Quando o poder constituído tudo faz para uniformizar o pensamento, em torno de suas causas, cai no fascismo.

É sabido que, na formulação  do grande intelectual francês, Roland Barthes:

“O fascismo não impede de pensar,

mas obriga a pensar o que a autoridade permite”

         É o caminho do pensamento único, do livro único.

         Perseguir quem pensa diferente é sinal de fraqueza. Mas não nos iludamos: a fraqueza existe e é má conselheira.

         Que a exposição de idéias não vire denúncias e agressões estéreis, provocação de confrontos... Que não vire duelos verbais com segundas intenções e não na busca do bem comum. Divergir não é afrontar.

         Neste caso não seria  estratégia de soma mas de divisão, de queda de braço.

XI
A ESSÊNCIA DA POLÍTICA

 

A)  SERVIR AO SEU POVO

         1. Política como doação e não como negociata

Senhores,

         Entrar na política pela portada frente é entrar para doar-se à nação, ao seu povo e não para tentar se arranjar. É pôr seu tempo e sua inteligência e seu afeto a serviço de seu povo, do bem comum. É servir ao desenvolvimento integral de seu país.

         Por estranho que pareça isto não é romantismo. Esta é a essência da política. Saindo daí entramos em outros conceitos que seguem outros rumos escusos, como a falta de ética na política, chegando ao crime organizado...

         O que vemos é que a nossa sociedade está carente de políticos que não ponham os próprios interesses acima dos interesses públicos.

Esta é a política da selva, a lei do mais forte. Mas ainda temos bons políticos por toda a parte, embora estejam rareando. Lastimavelmente. Entrar na política para “se arranjar” na vida é golpe baixo na confiança do povo.

O conceito clássico de político é  hoje considerado romantismo fora de moda.

Entretanto, retomar o conceito é o caminho da prosperidade, da justiça, da liberdade e

 da paz.

Política está a serviço da nação; caso contrário não é política. O nome é outro, ou muitos outros.

B) PLURIPARTIDARISMO

         2. A diversidade desperta o interesse

         O regime português, como o brasileiro, é democrático e pluripartidário.

         Os grandes partidos políticos de Portugal são hoje grandes organizações, buscando espaço na comunidade. Isto é legitimo. Cada um deve, sim, lutar pelas idéias em que acredita.

         Democracia é isto: exposição de idéias e liberdade de opção. O cabresto é má “política”: é manipulação.

         Aqui, em São Paulo, também há outros partidos de Portugal, disputando espaço entre os portugueses e luso-brasileiros. O PSD está em plena atividade. Isto é muito bom. É a pluralidade democrática. Na democracia, todos têm o seu lugar e o respeito às suas idéias, que se espera serem leais e sinceras não golpistas.

A diversidade e o debate de idéias desperta interesse e participação onde não há diversidade não há disputa e semeia-se o desinteresse.

         O que se espera é que, à parte da disputa partidária, todos lutem pelo seu país. Que  todos somem as próprias competências e as compartilhem a serviço de todo o povo.

          O governo eleito, não pode nunca ser governo do partido, mas governo de toda a nação. O presidente é presidente do país.

É assim que os governos se legitimam: representando e respeitando a opinião da maioria e ouvindo a todos.

 

3.     O povo no poder?

O Governo democrático é o povo no poder, mais que o partido no poder. São os representantes do povo gerenciando o bem de toda a nação, como serviço, sem se aproveitar do povo, em conchavos sórdidos.

Governo democrático é governo do povo, pelo povo e para o povo.

Não é governo do partido, pelo partido e para o partido, pois isto seria traição à democracia.

Para o povo, escaldado e desiludido, isto é só teoria. Política, na prática, é outra coisa. Nada a ver. Os políticos estão desacreditados.

Os políticos, precisam recuperar, a credibilidade.

Partidos fortes, diversificados e bem formados são a força da democracia. Partidos fortes mas com princípios deturpados são a fraqueza da democracia; levam à tirania mascarada e levam o povo à fome e à desilusão.

Não há real democracia, sem uma educação de qualidade, para todos.

Sem a consciência cívica, muito do que se faz em política é cultivar serpentes devastadoras que, quando menos se espera, dão o bote no tratador.(O povo).

Quem planta cactos não pode querer colher maçãs. Quem semeia ventos se prepare para colher tempestades. Quem elege os maus políticos colhe o descalabro.

É preciso saber se acautelar dos "falsos profetas"...

A mediocridade no poder é sempre desastrada.

Só teremos bons políticos, como resultado de uma educação séria, competente e responsável.

Aqui proponho um desafio: por que não se reunirem na Casa de Portugal, todos os partidos de Portugal, aqui representados, para discutir e estudar questões de política e cidadania.

A Comunidade Portuguesa e Luso-Brasileira está carente de eventos que motivem sua união em torno de uma bandeira.

 

6ª PARTE

O PLURALISMO DEMOCRÁTICO

XII
SOCIALISMO DEMOCRÁTICO - DESAFIOS E DESMANDOS

1.     O povo no poder?

Vive-se, hoje, em Portugal, a gerência do Socialismo Democrático, com muitas inconsistências que o fragilizam.

Mas ao fim  e ao cabo, as normas do País são aprovadas na Assembléia da República, onde todos os partidos debatem abertamente princípios, às vezes antagônicos, outras vezes intercomplementares. Teoricamente estão representadas, na AR, todas as correntes do pensamento português. Só teoricamente, quando não interferem forças escusas. Isto não é uma questão formal mas real.O povo real não está lá.

 De fato há muito que amadurecer. A democracia ainda não achou o seu caminho. Ainda procura alternativas. Democracia é assim. Falta formação política e ética dos quadros partidários que muitas vezes agem como agências de interesses particulares apenas.

Neste vácuo abre-se o espaço da arrogância, da ganância, como subprodutos da ignorância. Estas três palavras podem rimar com tragédia, com prepotência e tirania...

O resto, para muitos, é romantismo e o povo é simples massa de manobra.

É preciso vencer esta fase que semeia insegurança e descrédito. Precisamos de uma educação competente que eduque o povo para a cidadania atuante e responsável.

Enquanto não aprendermos o caminho, viveremos numa situação incômoda, numa "democracia" envergonhada.

Ainda bem que a democracia envolve rotatividade do poder.

 

2.     Socialismo Democrático um sistema plural

Em si, teoricamente, o Socialismo Democrático, se autêntico, pode atender os interesses do povo.

O Socialismo Democrático, na teoria, é um sistema pluralista, como as nossas sociedades modernas são plurais.

Os vários pluralismos têm, em comum, a valorização dos grupos sociais: valorizam o indivíduo e reduzem o Estado.

 Então os problemas de nossa sociedade não estão nos partidos, mas nas pessoas que governam, na prática do cotidiano e na administração dos valores perenes do povo.

Nosso tempo é um tempo de desafios, sucedendo desafios.

 Precisamos entender que há um socialismo ideal e um socialismo real. Na prática, a teoria é outra, diz a sabedoria popular...

O Socialismo ideal, que pode se confundir com o socialismo utópico, surgiu com a Revolução Industrial. Pugnava por uma sociedade mais igualitária.

Veio o socialismo marxista, que não alcançou êxito e criou mais problemas que soluções. A queda do muro de Berlim marca a grande derrocada.

 A teoria e os princípios e diretrizes que definem o socialismo democrático em Portugal, também são intenções ideais que precisam se acomodar às circunstâncias concretas.

O Socialismo real é o composto de modalidades específicas, em diversos países. É o socialismo possível.

 Mas sabemos que hoje, a política é a ciência de fazer possível o que parece impossível. Política é a imaginação e o sonho no poder; é ousadia...

Todo o regime político  precisa da cobrança da nação, para não afrouxar sua atuação.

 Na América do Sul vem se falando em Socialismo do séc. XXI, do qual nada temos a dizer aqui. Ainda não mostrou a que veio . Pode ser apenas um refrão oportunista. É preciso guardar.

 

3.     Por um mundo multipolar

O fato concreto é que, no século XXI, com a derrocada do neoliberalismo, o socialismo voltou à agenda da sociedade, em alguns países.

Nosso mundo precisa ser multipolar. O unipolarismo escancara as portas da tirania universal.

A arrancada do socialismo democrático é bem-vindo, quer esteja no PS, na Social Democracia ou em outro sodalícios. Cada um tem uma linha de ação.

O socialismo ajuda a humanizar o “todo poderoso” capitalismo. Pode ajudar a implantação de uma sociedade mais justa, com mais bem-estar e qualidade de vida para todos. Isto aliás, é o que todos deveriam fazer.

  

XIII
O PLURALISMO DEMOCRÁTICO

1.     O multipartidarismo

O Socialismo Democrático, em teoria, é uma alternativa de diálogo com o capitalismo voraz.

O pluralismo, com a diversidade de idéias e de organizações, abre espaço para a cooperação, por caminhos diversos, representando uma parcela dos reais interesses da nação, que são sempre plurais.

Para representar o país exigi-se uma pluralidade partidária atuante, articulando forças, pelo bem comum.

A diversidade de opiniões e de apreensões da realidade é essencial, em nosso mundo tão complexo.

Por falta de ver todos os lados da realidade, muito boas iniciativas desmoronam, rejeitadas por suas inconsistências. Falta-lhes representatividade.

As "Democracias" de fachada não se sustenta no poder.

 

2.     Olhar e ouvir o outro lado

Estamos num mundo em que o plural e a diversidade, a diferença e a desigualdade se sentam à mesma mesa, com real interesse de ver e ouvir outras manifestações, de outros posicionamentos, às vezes complementares ou até contrários.

As pessoas empreendedoras estão sempre em busca de alternativas, na dinâmica social, para prevenir inconsistências e até o decorrente fracasso.

 

3.     O “Velho do Restelo” no contraponto

Camões, nos Lusíadas, deu-nos uma grande lição: ao decantar a grandeza dos Heróis dos Descobrimentos, como o grande projeto da nação, deu espaço, no próprio poema épico, ao Velho do Restelo, que verberou com eloqüência, o lado negativo e considerado prejudicial do projeto,  uma solene denúncia das incongruências dos tais feitos. Olhou o outro lado da questão. O custo social e econômico era muito pesado. Isto não podia ser esquecido. Era muito sofrimento com incerto resultado.

Foi uma eloquente advertência. Camões não se calou.

O empreendedor precisa conhecer sempre o perfil de novas alternativas, para decidir com segurança e com menos riscos, atendendo o maior número possível de interesses da sociedade.

 

4.     Princípios que regem o Socialismo Democrático

O Socialismo Democrático, na teoria, é um sistema de governo sério e competente. A prática nem sempre corresponde às propostas teóricas.

Em relação ao Marxismo, o Socialismo Democrático é um sistema heterodoxo.

É um regime de alicerces humanistas; um sentido plural em sua apreensão do mundo.

Aceita como princípio a diversidade, a liberdade de opinião, abolindo, teoricamente, a figura esdrúxula do “inimigo do povo”. (Na prática, notam-se algumas exceções, tais como o “banimento”, não formal mas real, das pessoas do regime precedente).

Luta, teoricamente, pelo banimento da corrupção e dos privilégios; mas “na prática a teoria é outra”.

Luta pela educação do povo, mas a qualidade deixa  muito a desejar.

 O Socialismo Democrático, como sistema heterodoxo, em relação ao marxismo, da mesma forma que a Social Democracia, têm de prosseguir sua experiência de poder/governo, até se comprovar ser um regime plenamente viável.Ajustes precisam ser feitos: buscar alternativas.

 O Professor Eduardo Lourenço, um intelectual da mais alta credibilidade, faz uma análise profunda desta problemática, na obra “Heterodoxia” (Lisboa, 1987).

 Acrescentamos:

O Socialismo Democrático, na teoria, segue uma linha humanista muito próxima da Democracia Cristã, presente em todo o mundo de raiz européia, sob a tutela de protestantes ou de católicos, ou dos dois.

   

7ª PARTE

PACTO DEMOCRÁTICO

XIV
DESAFIOS DO PODER - NA PRÁTICA A TEORIA É OUTRA

 

1.     A Teoria na prática é outra

         É sabido que  as propostas e diretrizes formuladas pelos estatutos dos partidos, geralmente são apenas tomadas  como balizas da atuação. Na prática cotidiana repete-se o refrão: “na prática, a teoria é outra”. Sempre depende das pessoas e das circunstâncias, e do caráter, e das virtudes e/ou arrogâncias, e também da mentalidade de serviço ou da gerência de cada grupo que assume o comando.

A arrogância do poder político muitas vezes leva as pessoas aos mais incríveis desmandos. É assim que, muitas vezes, o que se propõe, como democracia, assume atitudes de detestável tirania.

         As pessoas de caráter precário, cativam o povo eleitor com belas promessas e depois de eleitos agem  na contramão de tudo o que prometeram  e ainda do que continuam a apregoar.

Para fechar os olhos e a boca da oposição sadia, lançam mão da “teoria da conspiração”.

Neste contexto é bom recordar o poema de Camões: Ao Desconcerto do Mundo.

 

2.  Teste de viabilidade dos Partidos no Poder - desafios

Para comprovar ser plenamente viável, o Socialismo Democrático tem de mostrar ser capaz de fazer algo significativo, com marcas profundas.

pela liberdade, pela solidariedade e pela justiça, nas relações interpessoais,

pelo desenvolvimento do país, (desenvolvimento da indústria, da agricultura e do comércio);

pela promoção do desenvolvimento sustentável, com respeito ao meio ambiente;

pela oferta de uma educação séria e competente a todos, em todos os níveis, da educação infantil, ao nível superior, e à pós-graduação;

pelo cuidado em preservar os valores imateriais da nação (a cultura e a filosofia de vida), cuidando de formar uma sociedade competente, responsável, solidária, altruísta e produtiva...;

 pelo cuidado em promover a paz e o bem-estar social, com qualidade de vida;

pelo cuidado em estimular empreendimentos na indústria, na agricultura e no comércio que abram mais postos de trabalho para todos, abolindo o desemprego. Etc.

Por enquanto, muitos desses elementos manifestam uma constrangedora precariedade. Não convencem. Mas o Partido no Poder tem força para vencer impasses.

Um amigo, então prefeito de Aveiro, na década de 80, em conversa particular, desabafava:

Os políticos de hoje pensam que o desenvolvimento se reduz à economia. Só sabem fazer contas...Nada mais lhes interessa. Estão comprometendo a saúde cívica do país...

 

3.     Por um Pacto Político

Dissemos atrás da necessidade, estrutural e política, de todos os partidos tomarem duas atitudes como princípios:

1)    O partido deve levar a sua mensagem ao povo, para que o povo conheça suas reais  posições, sua visão de mundo e em que e como poderá melhorar efetivamente a qualidade de vida das pessoas. Como pretende garantir a identidade do país e a auto-estima da população... Comprovar o teórico com a prática.

2)    Que, após as eleições, os partidos façam um pacto permanente de sempre votarem juntos, todos os projetos, que efetivamente beneficiam o povo, definindo uma pauta mínima, em que todos estão de acordo.

3)    Que os interesses partidários  jamais se sobreponham aos interesses da nação.Que se combata sem tréguas a corrupção e o desperdício público ou privado; que se implante a ética e a transparência na política.

O texto integral [em construção] desta palestra encontra-se no websítio: www.portaldalusofonia.com.br/poderpolitico

Como suporte conceitual consulte: Novos Rumos para o Nosso Mundo –– A Macrópolis do Pacto Mundial.
i
n: www.alfa8omega.blogspot.com/macropolis

 

 

POLÍTICA E CIDADANIA


FAZER POLÍTICA NO MUNDO PORTUGUÊS E
LUSO-BRASILEIRO

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Leia Também:

O DESABROCHAR DA DEMOCRACIA

 

PODER E POLÍTICA, na opinião do Prof. Peralta

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